Serve sem apegar-te. Usa,sem algemar-te, Os bens de que desfrutes. Medita nas riquezas que já se dispersaram. Antigas obras de arte Valorizam museus. Títulos de ascendentes São brazões sem calor. Do que sejas ou tenhas, Faze o melhor que possas. Tudo pertence a Deus. Emmanuel
sábado, 13 de agosto de 2011
TRIBAL FUSION
O que é Tribal Fusion?
Não pode ser considerado folclore. Também não é etnicamente tradicional. O Estilo Tribal divide gostos e opiniões, e deixa uma dúvida: o que é afinal esta dança? Para quem ainda não conhece, Estilo Tribal é uma modalidade de dança que funde arquétipos, conceitos e movimentos de danças étnicas das mais variadas regiões, como a Dança do Ventre, o Flamenco, a Dança Indiana, danças folclóricas de diversas partes do Oriente e danças tribais da África Central, chegando até mesmo às longínquas tradições das populações islâmicas do Tajisquistão e Uszbequistão.
Este estilo surgiu nos EUA, nos idos dos anos 70, quando a bailarina Jamila Salimpour, ao fazer uma viagem ao Oriente, se encantou com os costumes dos povos tribais. De volta à América, Jamila resolveu inovar e mesclar as diversas manifestações culturais que havia conhecido em sua viagem.
Nos anos 1980, novas trupes já haviam se espalhado pelos EUA. Masha Archer, discípula de Jamila, ensina a Carolena Nericcio a técnica criada por Jamila para obter um melhor desempenho de suas bailarinas. Esta técnica baseia-se nos trabalhos de repetição e condicionamento muscular do Ballet Clássico adaptados aos movimentos das danças étnicas. Incentivada pelas diferenciações do novo estilo, Carolena forma sua própria trupe e dá novos contornos à história do Estilo Tribal.
O figurino utilizado por Jamila e sua trupe cobria o torso da bailarina, sendo composto basicamente por djellabas ou galabias. Isso tirava, segundo Carolena, um pouco da intenção e visualização do movimento. Surge então um novo visual, que até os dias de hoje continua predominando no cenário Tribal: saia longa e larga (sem abertura nas laterais), calça pantalona ou salwar (bombacha indiana), choli (blusa tradicionalmente utilizada pelas mulheres indianas embaixo do sari), sutiã por cima da choli, xales, cintos, adereços, moedas e borlas (os famosos pompons!) para incrementar o traje e dar maior visualização aos giros e tremidos.
Além deste novo figurino, Carolena e sua trupe Fat Chance Belly Dance trouxeram ao Estilo Tribal a característica mais forte do ATS (American Tribal Style -Estilo Tribal Americano): a improvisação coordenada. Essa improvisação parece uma brincadeira de “siga o líder” e baseia-se numa série de códigos e sinais corporais que as bailarinas aprendem, trupe a trupe. Esses sinais indicam qual será o próximo movimento a realizar, quando haverá transições, trocas de liderança etc. Ainda falando das inovações trazidas por Carolena, a nova postura, oriunda na dança flamenca, e as posições corporais diferenciadas na execução dos passos dão amplitude aos movimentos, sendo então melhor visualizados pelo público.
Nos anos 1990, o Estilo Tribal passou a demonstrar com mais força a presença da Dança Indiana, do Flamenco e mesmo das técnicas de Dança Moderna e do Jazz Dance. Nasce então o Neo Tribal. Esse sub-estilo já não se mantém preso ao sistema de sinalização do ATS, trabalha com peças coreografadas e ganha liberdade com a adição de novos movimentos, inovações cênicas, acessórios e mesmo na composição do figurino, embora mantendo semelhança ao criado nos anos 1980.
Em 2002, no Brasil, Shaide Halim cria a Cia Halim Dança Étnica Contemporânea – a primeira trupe tribal do Brasil. Desenvolvendo um trabalho baseado nestas modificações pelas quais o estilo passou, inova mais uma vez ao trabalhar com as danças de uma forma mais homogênea. Ao contrário dos grupos norte-americanos, que mantém a dança do ventre como base, a Cia Halim tem seu trabalho coreográfico orientado pela composição musical, ou seja, a ênfase de uma ou outra modalidade de dança, seja esta oriental, indiana, africana ou flamenca, virá do tema musical escolhido.
Baseada nessa premissa surgiram as parcerias da cia com músicos representantes da world music nacional, como MA3, Marcus Santurys e Atman. E dessas parcerias surgiu uma nova fonte de inspiração para o desenvolvimento do estilo, com a adição de sons e movimentos oriundos das danças folclóricas brasileiras. Assim nasce o Estilo Tribal Brasileiro, hoje divulgado pela Cia Halim e suas “filhas” (Naya Padavi - São Paulo, Jaya Mahati - Rio de Janeiro, Yadein - Ribeirão Preto e Halim Iceland - Reikjavik, Islândia).
Atualmente, o interesse pelo Estilo Tribal cresceu e surgem novas trupes espalhadas por todo o país. Algumas se baseiam no Estilo Tribal Brasileiro, outras buscam inspiração nos trabalhos das trupes de ATS, de Neo Tribal ou de Tribal Fusion, uma vertente ainda mais recente dessa última, como é o caso da Índigo, cia coordenada pela bailarina norte-americana Rachel Brice, que utiliza músicas Lounge, Chill Outs e Techno-Orientais.
Texto de Shaide Halim
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